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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Em boa fase como técnica, Branca cobra seriedade da CBB e de Bassul


BRANCA TECNICA DE AMERICANA


Em apenas um mês de treino, Maria Angélica Gonçalves da Silva, a Branca, ex-jogadora da seleção brasileira, levou o Unimed/Fam/Goodyear/Americana de terceiro melhor time do Brasil para um início de temporada próximo da perfeição. Até aqui, são 12 vitórias em 12 partidas no Nacional da CBB, em uma carreira de treinadora que está apenas em seu terceiro ano.

Mas isso não quer dizer que as notícias são apenas boas. Mais uma vez, fica a dúvida se a vantagem não é pelo fato de as equipes concorrentes serem fracas. Para Branca, não é o caso. Mas, mesmo que defenda a qualidade de seu time para atingir tais resultados, a medalhista de prata em Atlanta-1996 não esconde a decepção com a atual situação do basquete nacional.

Depois de 12 anos figurando entre os cinco melhores do mundo, o Brasil decaiu em Pequim e teve de enfrentar até crises internas como a ocorrida entre Iziane e o técnico Paulo Bassul no Pré-Olímpico, quando a jogadora foi cortada após se negar a entrar em quadra. Para Branca, o maior problema é a organização. "Só peço seriedade com o basquete". Em entrevista ao UOL Esporte, a ex-jogadora e irmã de Magic Paula contou sobre a situação do Americana, deu sua opinião sobre a crise do basquete nacional e reclamou do atual técnico da seleção: "ele não tem ido ver jogo de basquete."

UOL Esporte - Americana é um time renovado e mesmo assim lidera o campeonato com 100% de aproveitamento. Isso quer dizer que o campeonato é fraco ou que o time montado é muito melhor?
Branca: Quando eu cheguei a Americana, no dia 8 de setembro, a equipe já estava bem montada, com as principais contratações acertadas e era um time muito competitivo. Vendo a boa estrutura e a campanha que estamos fazendo, não acho que seja devido ao nível de qualidade do campeonato. Treinamos bem fisicamente, tivemos um bom tempo na parte técnica e tática e isso está nos favorecendo. Agora viramos o alvo e todos querem nos vencer.

UOL Esporte - Quem são os destaques do Nacional feminino até agora? Você vê jogadoras com nível para ir à seleção?
Branca: Os times estão oscilando bastante. O favorito é o Ourinhos, pelo investimento e número de jogadoras da seleção que eles têm. Eles são favoritos, junto com Catanduva, Americana e Santo André. Nas quatro primeiras colocações está tudo bem embolado. Meu desejo é chegar à semifinal, que é o objetivo que me foi colocado quando fui contratada. Entre as jogadoras, agradou-me muito ver a equipe de São Caetano, apenas com jogadoras sub-21 e que já estão tendo oportunidade de jogar entre os adultos o tempo todo. Este Nacional mostra uma mescla de várias jogadoras que são muito novas, porém não inexperientes, com outras que já tem bagagem e estão se reafirmando.

UOL Esporte - O basquete feminino é campeão mundial, foi para as últimas Olimpíadas e mesmo assim enfrenta uma má situação. Por quê?
Branca: Já ficamos 12 anos entre os cinco melhores, de 1994 até 2006, com o Mundial no Brasil. Mas tivemos problemas com jogadoras indo para a Europa e para a WNBA, como em outras modalidades. Quando temos um campeonato com a seleção, não é possível termos apenas 15 dias de treinamento para ir a uma Olimpíada. Ou chegar em situações como a da Érika, que pede dispensa porque a CBB não pode pagar seu seguro. É necessário que isso seja resolvido, com mais tempo de treino, para o Brasil voltar a ser a potência que de fato é. Temos talento, por isso tantas jogadoras estão lá fora.

UOL Esporte - O que é preciso para melhorar?
Branca: Precisamos de treinamento, seriedade, organização. O Paulo Bassul não tem ido ver jogo de basquete. Morando em Americana, ele tem de ver todos os jogos. Não só do meu time, mas acompanhar como as meninas reagem em quadra, como jogam perdendo por 20 pontos, ganhando, ou sob pressão... Ele diz que vai renovar a seleção, mas têm de sentar a bunda na arquibancada para ver suas jogadoras. Por isso se transformou nesta porcaria que foi nas Olimpíadas. Existe um grave defeito e vamos ter que percorrer tudo de novo para chegar onde estávamos em 1994. Foi um longo caminho e da noite para o dia despencou. Perdemos a credibilidade no basquete feminino e isso não é de hoje.

UOL Esporte - Você vê culpa da confederação nisso?
Branca: Não adianta, o basquete é regido por ela, somos subordinados e precisamos que seja um trabalho sério. Não estou metendo a boca, sempre fui a jogadora considerada rebelde, mas sempre o que falo é a verdade.

UOL Esporte - O grande número de brasileiras no exterior é bom ou ruim para a seleção?
Branca: Seria favorável se tivéssemos um programa para as meninas defenderem a seleção e não chegarem na véspera. Elas vivem uma realidade muito diferente do que é aqui. Não só na parte financeira. A WNBA, por exemplo, tem um jogo fominha, nojento, que para mim é apenas marketing. Se a Iziane passasse por uma adaptação, seria uma peça fundamental. Mas com humildade, o que ela não teve. Se o técnico não viver com as jogadoras, não há poção mágica que coloque a seleção entre as cinco melhores do mundo. Tomara que eles tenham uma preocupação grande porque o Brasil sempre terá talento. Mesmo com poucos clubes, as jogadoras são esforçadas.

UOL Esporte - Qual o impacto disso no basquete doméstico?
Branca: Isso tem ocorrido com outras modalidades. Pelo 'boom' que o vôlei teve, eles conseguiram repatriar, com empresários e um bom investimento. Infelizmente, o basquete fica dependendo de "mecenas" ou de quem gosta de basquete. Tem de haver um centro de treinamento, seleções de base jogando em todos os lugares. O que peço é que se tenha seriedade com o meu basquete. Cheguei a Americana há tão pouco tempo e houve uma transformação. E foi apenas pelo trabalho. Se acreditarem, tudo pode vingar.

BASSUL RESPONDE A CRÍTICAS

Depois de entrevista com Branca, o UOL Esporte contatou o técnico da seleção brasileira Paulo Bassul, para que ele pudesse responder à acusação da técnica de não estar assistindo às partidas das atletas brasileiras.
Para Bassul, ele tem acompanhado as jogadoras na medida do possível. "Tenho visto jogos que considero de maior relevância. Não é pelo fato de estar em Americana que vou assistir a todos os jogos do time", disse Bassul. "Acompanho não só em Americana, mas em outras cidades. Como técnico do Brasil, tenho que acompanhar o basquete mundial e faço isso dentro do possível. Vejo essa discussão como desnecessária", completou o técnico, que salientou não trabalhar com exclusividade para a seleção e que há momentos certos para isso.

Líder do nacional, Branca surgiu como técnica após noites insones

Maurício Dehò

Noites sem sono podem se tornar verdadeiros pesadelos. Não para Branca. Há cerca de três anos a ex-jogadora de basquete deu o pontapé inicial para sua carreira como técnica. Mas o sonho nasceu há mais tempo, antes mesmo de abandonar as quadras, dez anos atrás. Um fator que forjou a medalhista de prata em Atlanta como treinadora foi suas noites mal dormidas.

"Tive oportunidade em vários momentos de anotar os treinos que fazia", disse a técnica do Unimed/Fam/ Goodyear/Americana, líder do Nacional com 100% de aproveitamento. "Na seleção, principalmente, eu não dormia muito e anotava o que tinha feito nos treinamentos".

Mesmo com a vontade de seguir a profissão, Branca não teve pressa e sete anos se passaram antes de virar técnica. "Quando jogadora já imaginava ser treinadora, mas eu sempre disse que uma porta ia se abrir, eu não ia derrubar ninguém e nem me oferecer". Deu certo. A primeira experiência foi ao lado de Antonio Carlos Vendramini, no Ourinhos.

O time perdeu as finais do Nacional, mas o aprendizado foi importante para sua primeira experiência como "titular" no cargo. Ela foi contratada pelo Piracicaba, em que ficou por dois anos, em 2006 e 2007. Depois disso, passou o início desta temporada dedicando-se ao projeto social que tem com a irmã, Magic Paula, o Passe de Mágica, devido à falta de estrutura do basquete nacional.

Branca quase desistiu de seguir seu sonho, adiando-o para 2009. "Fui surpreendida pela ligação do Americana, porque não tinha muita esperança para esta temporada. Foi muito gratificante por ser uma carreira que pretendo seguir, tenho como uma ambição para o meu futuro". O sucesso, segundo ela, é medido pelas próprias pupilas. "O maior termômetro de qualquer treinador é com as atletas, porque elas espalham se você é severo, se dá bons treinos".

"Eu fui atleta por 23 anos, passei por treinadores renomados e isso favorece bastante. Sempre achava esquisita essa distância da comissão técnica para com os atletas. Você tem de conversar com elas, saber sobre a técnica e a tática, perguntar se está dando certo", defende Branca.

A nova técnica admite que é difícil estudar para a profissão no Brasil, principalmente devido à falta de material didático para basquete em alto nível. Além disso, é necessário vencer obstáculos mesmo entre as jogadoras, o que a medalhista olímpica faz com jogo de cintura. "Coloco muita coisa do próprio do jogo na preparação, porque o brasileiro adora coisa ofensiva, não gosta de marcar. Então, estimulo com treinos ofensivos e depois vou para algo mais vigoro na defesa. Não tem jeito, no basquete primeiro você tem de marcar bem. Com isso, o ataque flui", explica ela.

Mais do que tudo, Branca diz que o importante é manter os pés no chão. O primeiro passo, dentro de seu clube, ela já fez, transformando a equipe número 3 do Brasil no último campeonato em líder invicta. "Tomara que minha carreira seja brilhante e vitoriosa, porque a essência da minha vida é o basquete. Agora tenho que ser humilde para amadurecer com o passar dos anos."
Fonte: UOL

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