Por muito pouco mais uma página da história do basquete brasileiro deixava de ser escrita. Sem verbas, o time feminino de Santo André só garantiu presença no Campeonato Nacional na tarde da última quarta-feira, poucas horas antes de fechar o prazo estabelecido pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete) para a inscrição das equipes. O dinheiro, segundo a técnica Laís Elena, partiu de "uma alma boa" - cujo nome foi omitido -, que se sensibilizou com o fato de o único time que participou das dez edições anteriores ser obrigado a se ausentar por falta de recursos."Foi uma vitória alcançada na prorrogação, com uma cesta de três e mais um lance de bonificação", comparou a assistente-técnica da equipe, Arilza Coraça. "Ainda bem que encontramos uma pessoa amiga, com muita responsabilidade e que se sensibilizou com o nosso problema", completou a técnica Laís Elena.Santo André é o único time entre os nove que disputam o Nacional que não tem patrocínio, depende apenas da verba da Prefeitura. No Nacional, que começará em outubro, a CBB arcará com o transporte. Os R$ 30 mil vindos da alma boa servirão para hospedagens e arbitragem.Para as próximas temporadas, no entanto, isso deverá mudar. O time apresentou em julho um projeto ao Ministério do Esporte solicitando sua inclusão na Lei 11.438, que permite que patrocinadores possam abater 1% do Imposto de Renda. "Esse é o caminho. Nosso processo está bem adiantado, seguindo os trâmites legais e em breve deveremos ser contemplados", disse Laís.O time não conta com uma marca na camisa desde janeiro de 2001, quando era patrocinado pela Arcor. Mesmo assim, é o único a participar de todas as edições do Campeonato Nacional. "Temos uma tradição. Já revelamos uma quantidade imensa de jogadoras, como a Leila, Marta, Mamá, Chuca, Vivian. Hoje temos 100 jovens nas nossas escolinhas. Nós juntamos o competitivo com o social", destaca Laís.Confirmação da vaga dá novo ânimo para as atletas A possibilidade de não disputar o Campeonato Nacional afetou até os treinos da equipe de Santo André. A notícia dada pela comissão técnica diminuiu o ânimo das atletas, que então passaram a ter como meta na temporada apenas os Jogos Abertos do Interior.A definição da vaga, porém, mudou tudo. "Quando demos a notícia a elas de que iríamos para o Nacional, até o ritmo do treino aumentou", conta a técnica Laís Elena.A capitã Simone foi uma das primeiras a serem avisadas. "Temos uma tradição no basquete e não poderíamos ficar fora dessa competição", comemora a jogadora, que anteriormente havia ligado para a técnica para manifestar sua solidariedade pela situação.A ordem agora é se aprimorar cada vez mais para fazer o melhor campeonato possível. "Somos um time de operárias. Se jogarmos como no início do Paulista (ficaram em terceiro, mas caíram nas quartas-de-final), vamos dar muito trabalho", garante Simone.PLACASA comissão técnica agora divide-se entre os treinos e a procura por interessados em anunciar nas placas do ginásio Pedro Dell'Antonia durante os jogos do Nacional. "A CBB nos deu 14 placas. Se conseguirmos vender todas, podemos trazer mais uma jogadora de alto nível que irá nos ajudar muito", afirma Laís.(Nilton Valentim)Fonte: Diário do Grande ABC
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